Trabalhos científicos de membros da SBACV-MG:
Nº: 283
TÍTULO: Espessura Médiointimal nas Carótidas Comuns e Femorais para Detectar Arteriosclerose em Pessoas Vivendo com o Vírus da Imunodeficiência Humana
Resumo
Introdução: Pessoas que vivem com HIV (PVHIV) têm condição de vida diferente da população livre de infecção, no que diz respeito à morbimortalidade por arteriosclerose e eventos cardiovasculares a ela associados. A doença cardiovascular (DCV), particularmente aterosclerótica, é mais prevalente e precoce em PVHIV, quando se compara à população sem infecção. A medida da espessura médiointimal (EMI) é um marcador não-invasivo e precoce da arteriosclerose, que pode refletir no aumento do risco cardiovascular. A medida da EMI é um preditor de DCV independente dos fatores de risco clássicos e pode ser considerada como marcador para avaliação de arteriosclerose subclínica, inclusive nas PVHIV. As artérias femoral comum e a subclávia direita também vêm sendo estudadas como sítios para a medida da EMI. O índice tornozelo-braço (ITB) é um método simples, não-invasivo, de alto valor preditivo para doença arterial periférica. Valores inferiores a 0,9 estão associados a um significativo aumento do risco cardiovascular, independente de outros fatores de risco. A detecção precoce de arteriosclerose em PVHIV possibilitaria tratar pacientes com maior risco de desenvolver eventos cardiovasculares.
Objetivos: O primário foi avaliar a prevalência de arteriosclerose através da medida da espessura médiointimal (EMI) das carótidas comuns, femorais e do índice tornozelo-braço (ITB). O secundário foi estudar eventuais associações entre tais medidas e fatores de risco clássicos para arteriosclerose e específicos das pessoas que vivem com HIV.
Metodologia: Estudo transversal, prospectivo e analítico, que envolveu 80 pessoas com HIV [40 fazem uso de inibidores da protease (IP) e 40 não] e 65 voluntários saudáveis (controles). As medidas da EMI foram feitas em todas as pessoas inscritas de acordo com a técnica padrão. Realizada a medição automática da EMI nas artérias carótidas comuns e femorais comuns e calculado o ITB. Neste estudo foi calculado o percentil 75 (EMI). Os testes estatísticos foram utilizados para detectar diferenças nos valores da EMI entre as pessoas com HIV (com IP e sem IP) e controles. O valor de p ≤ 0,05 foi significativo.
Resultados: A análise comparativa da EMI nas carótidas comuns foi realizada entre controles, HIV sem e com IP e revelou 0,59 mm ± 0,11 vs 0,63 mm ± 0,11 vs 0,71 mm ± 0,28, respectivamente (p = 0,014). Quanto ao espessamento em femoral não houve diferença significante entre os grupos controle e HIV 0,74 mm+ 0,30 vs 0,79 mm+ 0,33 (p=0,351). Quanto ao ITB houve diferença significante entre o controle versus HIV sem IP (1,08 x 1,17) (p=0,015).
Conclusões: A medida da EMI na carótida comum foi maior no grupo de HIV do que no grupo controle. Este é um marcador importante de risco cardiovascular e precisa ser considerado para que medidas preventivas possam ser adotadas. A carótida comum continua a ser o melhor local de medida da EMI para a detecção de arteriosclerose, quando comparada a outros sítios.
Autores e co-autores
- Emmanuelle Tenório Albuquerque Madruga Godoi
- Carlos Teixeira Brandt
- Heloísa Ramos Lacerda
- Jocelene Tenório Albuquerque Madruga Godoi
- Dinaldo Cavalcanti de Oliveira
- Gabriela Farias Araujo Sousa Costa
- Gerson Gomes dos Santos Junior
- Kaliene Maria Estevão Leite
- Juannicelle Tenório Albuquerque Madruga Godoi
- Adriana Ferraz de Vasconcelos