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Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Minas Gerais

Papel da Fisioterapia no cuidado de pessoas com doenças vasculares periféricas

As doenças vasculares englobam disfunções da movimentação dos líquidos corpóreos que acometem o sistema arterial, venoso e linfático. A literatura vem demonstrando os efeitos da fisioterapia das disfunções ocasionadas por essas condições periféricas.

Na doença arterial periférica, como o sintoma principal é a claudicação intermitente, a fisioterapia tem papel relevante na melhora funcional e redução de sintomas. Funcionalmente, percebe-se que o indivíduo acometido pela claudicação tem a redução da capacidade deambulatória, da velocidade de marcha e perda de força e resistência muscular1. A fisioterapia atua, principalmente, com o objetivo de melhorar estes aspectos funcionais por meio da prática supervisionada de exercícios aeróbicos, que compreendem a caminhada, a bicicleta, os exercícios de força e resistência muscular2,3. Observa-se que os resultados na melhora da capacidade de caminhar com o tratamento fisioterápico estão atrelados à utilização mais adequada do oxigênio para a produção de energia com melhor metabolismo muscular e à melhor redistribuição do fluxo sanguíneo periférico. Além disso, já está demostrado que há melhora da qualidade de vida com a fisioterapia4. A indicação do exercício físico para o tratamento do indivíduo com doença arterial periférica tem o mais alto nível de evidência científica e deve ser recomendado5.

A insuficiência venosa crônica está associada diretamente ao aumento da pressão hidrostática intralumial, que sofre alteração diante das posturas estáticas por tempo prolongado, da obesidade, do estilo de vida, do histórico familiar, da gravidez, da idade e do sexo6,7. Os sintomas da doença são frequentemente relatados como sensação de peso, formigamento e queimação ao final do dia6. Observa-se a presença de telecangectasia, veias varicosas, edema, hiperpigmentação, lipodermatoesclerose e úlceras, que juntamente com os sintomas têm influência negativa na qualidade de vida6,7. A fisioterapia atua para reduzir a pressão intraluminal venosa, utilizando-se de exercícios para o aumento da força e/ou da resistência da musculatura de tríceps sural, considerando sua interligação ao retorno venoso8,9. O tratamento também pode fazer o uso de recursos que visem o aumento da mobilidade do tornozelo, o aumento da flexibilidade da musculatura, além da realização da caminhada ou bicicleta, esta realizada com elevação de membros inferiores8,9.

O sistema linfático consiste em uma rede de vasos e capilares linfáticos, ductos linfáticos, linfonodos, os quais são responsáveis pela drenagem dos fluídos corporais e produção de células imunes. Fatores congênitos, enfermidades ou a linfadenectomia provocam a deficiência do funcionamento do sistema linfático e a ocorrência do linfedema, que se caracteriza pela condição crônica e progressiva do acúmulo de proteínas no interstício. A fisioterapia é capaz de modificar as pressões entre o tecido e os vasos direcionando a linfa para o sistema circulatório com a drenagem linfática, seguida pelo enfaixamento compressivo e exercícios pontuais10,11. A drenagem caracteriza-se pela aplicação de movimentos manuais, com pressão específica e respeitando a anatomia do sistema circulatório linfático, sobre a pele do indivíduo. Como resultado da fisioterapia, existem uma redução do linfedema, permitindo maior autonomia do paciente e melhora de sua qualidade de vida.

No município de Belo Horizonte existem locais que têm pessoas especializadas na fisioterapia vascular:

Autoras: 

Danielle A. Gomes Pereira.

Maria Luiza Vieira Carvalho

 

 REFERÊNCIAS:

1- Vyskocil E, Gruther W, Steiner I, Schuhfried O. Identification of International Classification of Functioning, Disability and Health categories for patients with peripheral arterial disease. Am J Phys Med Rehabil. 2014;93(7):570-8.

2- Hamburg NM, Balady GJ. Exercise rehabilitation in peripheral artery disease: functional impact and mechanisms of benefits. Circulation. 2011;123(1):87-97.

3- Lauret GJ, Fakhry F, Fokkenrood HJ, Hunink MG, Teijink JA, Spronk S. Modes of exercise training for intermittent claudication. Cochrane Database Syst Rev. 2014;7:CD009638.

4- Guidon M, McGee H. Exercise-based interventions and health-related quality of life in intermittent claudication: a 20-year (1989-2008) review. Eur J Cardiovasc Prev Rehabil. 2010;17(2):140-54.

5- Conte MS, Pomposelli FB, Clair DG, Geraghty PJ, McKinsey JF, Mills JL, et al. Society for Vascular Surgery practice guidelines for atherosclerotic occlusive disease of the lower extremities: management of asymptomatic disease and claudication. J Vasc Surg. 2015;61(3 Suppl):2S-41S.

6- Eberhardt RT, Raffetto J. Chronic Venous Insufficiency. Circulation 2014 130:333-346.

7- KapJsJz NS et al. Potential Risk Factors for Varicose Veins with Superficial Venous Reflux. International Journal of Vascular Medicine 2014 set; 1-7.

8- Quilici BC, Gildo C Jr, de Godoy JM, Quilici BS, Augusto CR. Comparison of reduction of edema after rest and after muscle exercises in treatment of chronic venous insufficiency. Int Arch Med. 2009 Jul 14;2(1):18. doi: 10.1186/1755-7682-2-18.

9- Araujo DN, Ribeiro CT, Maciel AC, Bruno SS, Fregonezi GA, Dias FA. Physical exercise for the treatment of non-ulcerated chronic venous insufficiency. Cochrane Database Syst Rev. 2016 Dec 3;12:CD010637. doi: 10.1002/14651858.CD010637.

10- Müller M, Klingberg K, Wertli MM, Carreira H. Manual lymphatic drainage and quality of life in patients with lymphoedema and mixed oedema: a systematic review of randomised controlled trials.Qual Life Res. 2018 Feb 5. doi: 10.1007/s11136-018-1796-5.

11- Lopera C, Worsley PR, Bader DL, Fenlon D. Investigating the Short-Term Effects of Manual Lymphatic Drainage and Compression Garment Therapies on Lymphatic Function Using Near-Infrared Imaging. Lymphat Res Biol. 2017 Sep;15(3):235-240. doi: 10.1089/lrb.2017.0001.